quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

2009 - Post 12


Olá Catilangueiros de Plantão...

Hoje o assunto é sério... há uma semana alguns blogueiros resolveram aderir a campanha de paz nos estádios, devido à grande quantidade de atos de vandalismo que acontecem nos grandes clássicos do futebol do Brasil... 

Em BH um torcedor do Atlético foi morto com um tiro por supostos torcedores do Cruzeiro enquanto esperava, junto a outros torcedores, um ônibus para ir ao Mineirão assistir ao clássico... Em São Paulo, torcedores do Corinthians brigaram com PMs na saída do estádio do Morumbi, deixando vários torcedores que não tinham nada a ver com a história feridos... Sem contar os milhares de outros incidentes que aconteceram na história dos grandes clássicos do nosso futebol.

Com isso, resolvi postar algo a respeito para ajudar nessa campanha que acho muito válida e deixo aqui os parabéns aos idealizadores!

post by ZéCatilango

sábado, 21 de fevereiro de 2009

2009 - Post 11 - O melhor Carnaval do Planeta


                Carnaval em Uberlândia é uma beleza, ou você vai pra Avenida ser assaltado, ou então se reuni na casa de um amigo, em volta de um cinzeiro abarrotado e várias latinha jogadas. Escolhemos a segunda opção.

                No toca CD improvisado, música sertaneja e pouco menos de meia dúzia de cornos, contando suas desventuras, e claro com mania de riqueza, achando que teve a segunda idéia mais genial do mundo – depois é claro da Microsoft – e que agora sai do sufoco, troca o carro, compra um apê e sai da vida proletária.

                Oh vontade de ser rico... Não pra ir pra Tupaciguara, frase pronunciada num momento de insensatez, e sim pra pegar um carro importado, com “bufumfa” no bolso e sair por ai, chegar nos locais mais badalados, com mulheres gostosas semi-nuas e muita bebida.

                De volta a realidade, pensemos no que nossas posses podem nos proporcionar, pouco mais do que estamos tendo e muito menos do que desejamos.

                Vou narrar duas possibilidades que essa meia dúzia de cinco podem fazer.

                Já que estamos próximos a funerária, a primeira sugestão seria ir chorar pela morte de alguém. Comer pão de queijo, tomar cafezinho e claro, o que nunca pode faltar num velório, rir pra Karaí contando piada.

                A segunda, se os carros tiverem combustível é lógico, seria seguir rumo alguma cidadezinha próxima, beber até amanhecer, dormir na praça e voltar amanhã.

                Possibilidades estranhas, a primeira meio sombria... Ir pra um velório é foda. A segunda mais ainda. Imagina essa quadrilha tonta na estrada, sem conseguir saber onde termina a pista e onde começa o barranco?

                Ai cairíamos na primeira opção, mas ao invés de estarmos chorando pelo defunto alheio, estaríamos sendo velados pelos nossos entes queridos, e pelos nem tão queridos assim.

                Quer sabe do que mais!!! Vamos beber por aqui mesmo, por que pelo menos aqui, quem manda é o Falcon, que é um personagem famoso e coordenador de produção de rádio da Prefeitura de Uberlândia.

                Bom! Bom! Bom, num ta... mas ta legal.

Beijos e não me liga

Post by JuCatilango

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

2009 - Post 10


Olá Catilangueiros de plantão...

Olha o carnaval chegando... E eu vou ficar quietinho em Uberlândia. Festas... aff... Vou é aproveita que a cidade ta vazia pra descansar a cabeça, curtir os amigos que aqui ficaram e quem sabe tomar uma cerveja sem álcool (motivos médicos)...

Vamos ao que interessa...

Viram quem vai fazer companhia a Hitler, Mussolini... nosso ex-deputado estadual e dono da construtora do Palace II (Prédio que desabou no Rio de Janeiro na década de 90) Sérgio Naia.... Pois é, o home bateu as botas... Será que vão enterra-lo debaixo de areia, ao invés de terra e o caixão dele de papelão????  Seria uma justa homenagem às vitimas desse cara que... me recuso a falar algo desse filho do belzebu!!!

E o chinês que encontrou um rato de 3kg!!! Pasmem, tem até uma foto dele (veja aqui)... Puta que pariu... esse rato eu confundiria com um gato... ou um chupa-cabras, sei lá... Rato... agora os chineses estão pirateando até gatos...

To saindo pra comemorar meu carnaval com cerveja sem álcool... mais tarde (outro dia) eu volto a postar novamente...

Um abraço a todos os leitores desse blog tosco, mas de coração... 

Post by ZéCatilango

sábado, 14 de fevereiro de 2009

2009 - Post 9

Ola Catilangueiros de Plantão... como estão...?

Vou começar o post de hoje falando do clássico paulista envolvendo São Paulo e as Frangas, nacionalmente conhecido como CUrintinhas (pq internacionalmente nunca ganho nada... Nem venham falar do torneio de verão de 2000 que nem motivos pra estarem lá tinham...).

Engraçado como as frangas levaram por trás o direito do tricolor de dar 10% da carga de ingressos... Engraçado é o fato de reclamarem que todos os jogos são no Morumbi... Mas se não for lá, onde será? Na Fazendinha? Ridículo... Arrumem um estádio depois a gente discute isso...

Se o São Paulo tem o direito de ter 90% da torcida, nada mais certo do que prestigiar SUA TORCIDA com essa carga de ingressos.  

E meu Uberlândia Esporte, que zica... Está difícil classificar e fácil de ser rebaixado... A vitória contra o Social de Coronel Fabriciano quarta-feira foi um suspiro pro time que tinha 3 derrotas em  3 jogos . Mas boto fé no time... Vamos nos recuperar e surpreender a todos nessa reta final do campeonato.

Notícia boa... Segunda-feira começo no meu novo emprego, como responsável pelo departamento de Marketing da Associação Brasileira de Odontologia – seccional Uberlândia. Uma notícia estupenda... pelo menos pra mim... kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

Outra coisa boa é que recebi uma proposta pra escrever para um portal de blogs do meu grande amigo Gercil... futuramente falarei mais sobre isso.

Hoje estou meio sem paciência e criatividade, por isso não vou escrever muito...

Abraços...

Post by ZéCatilango

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

2009 - Post 8

RACIOCÍNIO RÁPIDO DE UM CORNO INTELIGENTE 

O indivíduo chega de surpresa e surpreende a mulher em sua cama com outro. 
Tirou o revólver da cintura, tomando cuidado para não ser percebido pelos dois, armou o gatilho e já ia se preparando para meter bala neles quando parou para pensar. 
 
Foi se lembrando de como a sua vida de casado havia melhorado nos últimos tempos. 

A esposa já não pedia dinheiro pra comprar carne, aliás, nem para comprar vestidos, jóias e sapatos, apesar de todos os dias aparecer com um vestido novo, uma jóia nova ou uma sandalinha da moda. 
 
Os meninos mudaram da escola pública do bairro para um cursinho super chique. 
 
Sem contar que a mulher trocou de carro, apesar de ele estar a quatro anos sem aumento e ter cortado a mesada dela. 

O supermercado, então, nem se fala, eles nunca tiveram tanta fartura quanto nos últimos meses. 
E as contas de luz, água, telefone, internet, celular e cartão de crédito, fazia tempo que ele nem ouvia falar delas. 
 
O caso é que a mulher dele era mesmo um aviãozinho, baixinha, toda gostosinha, mesmo com três filhos o tempo não passava pra ela. 

Coisa de louco... 

Guardou a arma na cintura, com muito cuidado para não ser percebido, e foi saindo devagar, para não atrapalhar os dois. 
 
Parou na porta da sala, refletiu um pouco e disse pra si mesmo:' 
 
O cara paga o aluguel, o supermercado, a escola das crianças, as contas da casa, o carro, o shopping, todas as despesas e eu ainda vou pra cama com ela todos os dias... 
 
E, fechando a porta atrás de si, concluiu sorrindo: 

Puta que o pariu... O CORNO É ELE!!!!' 

Post by ZéCalango... Essa história me lembra algo... kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

2009 - Post 7


Um dos poucos e-mails que eu recebo que vale a pena ler... Espero que essa história chegue ao seu coração, tanto como chegou ao meu... Apesar de emocionante o final é surpreendente.

Um homem jovem estava fazendo compras no supermercado, quando notou que uma velhinha o seguia por todos os lados. Se ele parava, ela parava e ficava olhando para ele.

No fim, já no caixa, ela se atreveu a falar com ele, dizendo:

- Espero que não o tenha feito se sentir incomodado; mas é que você se parece muito com meu filho que faleceu.

O jovem, com um nó na garganta, respondeu que tudo estava bem, que não havia problema.

A velhinha lhe disse, então: - Quero lhe pedir algo incomum.

O jovem lhe respondeu: - Diga-me, em que posso ajudá-la?

- Queria que você me dissesse 'Adeus, Mamãe', quando eu me for do supermercado, isso me fará muito feliz!

O jovem, sabendo que seria um gesto que encheria o coração da velhinha, aceitou.

Então, a velhinha passou pela caixa, após ter registrado as suas muitas compras. Aí, se voltou sorrindo e, agitando sua mão, disse:  'Adeus, filho!'

Ele, cheio de amor e ternura, lhe respondeu efusivamente: 'Adeus, mamãe!'

Ela se foi e o homem ficou contente e satisfeito, pois com certeza, havia dado um pouco de alegria à velhinha.

E, então, passou suas compras.

- São R$ 554,00, lhe disse a moça do caixa.

- Por que tanto, se só levo estes cinco produtos?

E a moça do caixa lhe disse: - Sim, mas sua mamãe disse que você pagaria pelas compras dela também...

P.S. - Até os canalhas envelhecem!

Post by ZéCatilango

domingo, 1 de fevereiro de 2009

2009 - Post 6

Li e assino embaixo...

Porque o Big Brother enfraquece o Estado de Direito - Denilson Cardoso de Araújo, Serventuário de Justiça do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro

As dificuldades que a sociedade brasileira enfrenta costumam ser analisadas por microscópio, isoladamente, sem a conexão que as sustenta, sem as causas que as provocam. Por isso é que, às vezes vista a doença, não se descobrem os germes da sua ambiência. Sem visão mais ampla, sem o telescópio que liga Saturno às suas luas, pode passar despercebido aquele elemento que parece menor, mas que cria um traço cultural decisivo e determinante de comportamentos hostis à legalidade, ao comportamento ético, à postura fraterna.

        Se o Direito tem abstrações, tem concretudes. Se tem norma e valor, tem fato, dizia Reale. Muita norma padece de raiz na realidade. E muita realidade, mudada em piora, abandona a boa norma que antes produzira. Quer secar uma planta? Envenene sua terra! É o que, aos pouquinhos, vai acontecendo na sociedade contemporânea, com o arbusto do Direito, que um dia já foi árvore. Chamo a atenção a seguir para um fato, uma coisinha, diriam alguns.

        Nestes dias surpreendi nas ruas a superação tanto do debates sobre o final da novela A Favorita, quanto das discussões em torno da Guerra no Oriente Médio. Surgiu um assunto novo: Começou o BBB! Aquele programa que, com perdão das más palavras, alguns intitulam de "bigbundas"... ou o "bigbrocha"... o "bigbródi"... o "bêbêbê"... esse terrível bê-á-bá, essa cartilha de construir no Brasil uma sociedade rasteira. Vejamos.

        Não leiam este texto como comentário sobre o atual programa da TV Globo. De reality shows, me bastou, bicar episódios de Casa dos Artistas, naquela esperteza em que o Silvio Santos driblou a Rede Globo plagiando o programa da Endemol descaradamente. Mas era novidade e o Supla, uma figura. Quando veio o primeiro Big Brother Brasil, da Globo, vi que era mais do mesmo. Nunca mais perdi tempo.

        Trata-se de pseudonovela de pseudo-realidade com atores medíocres, com os mesmos personagens de sempre, e aqui rogo novamente o perdão do leitor pela ênfases na descrição: a boazuda vagaba, a gostosa santinha, o esquentadão sarado, o sábio gente boa, o crianção chato, o diferente discriminado: gordo, negro, gay ou ancião... E... o indefectível Pedro Bial, claro, que ele tem que exercitar também seu tão-lento dramático de desistente poeta.

        A filosofia é: -finja! Seja artificial, viva uma fantasia, faça de conta que é altruísta, afinal... "é um jogo", né? E isso justifica tudo. Conchavos, namoros, paqueras, traições, edredons, confessionários, ficar de quatro em frente às câmeras, pra mostrar o tamanho do "talento" e sonhar com a capa da Playboy de dezembro, ou da G de fevereiro, quem sabe? É um jogo. Resta saber quem é a "bola".

        Aquilo é um misto de balcão de açougueiro com as carnes expostas, com exibicionismo calculado para o voyerismo eletronicamente cultivado. Crises ridículas, desavenças de pulgas, viram manchete... Espie à vontade... é a senha! E há gente que assina canais que transmitem aquilo 24 horas por dia! Quem é natural, sendo "espiado à vontade"? Onde a verdade num ser, o "BBB", que assim passam a se chamar os membros da confraria, que é um artefato eletrônico, alegórico,audiovisua l?

        Quantos já viveram aquela situação de ir ao zoológico, doidos pra mostrar a imponência do mundo animal para os filhos e dar de cara com um leão modorrento babando deitado na sombra, ou com uns tigres escondidos num canto distante. Isso é realidade! Vai ficar 24 horas acompanhando? Bom, aí, se cabe ibope, o tratador é orientado a mudar a dieta pra deixar o animal mais esperto, até deixá-lo com fome pra aguçar seus instintos predadores, ou dar-lhe umas espetadas pra ele desfilar sua África miserável pela jaula. Agora, se o animal é aparentemente racional, tipo humano, o tratador-emissora recomenda que andem sempre com os microfones (exceto no banheiro, por favor!), que se exibam para as câmeras, que inventem draminhas e promovam escaramuças, que se atraquem em pequenas disputas para diversão do público olheiro. Mais ou menos como parece ocorrer nas cabines de sexo em que uma mulher numa vitrine, se despe e geme profissionalmente seus falsos prazeres. Há pornografia, lá e cá. Toda venda do corpo sem afeto é prostituição. E a pornografia é a propagação da prostituição. No BBB vendem-se corpos, sem afeto, e o programa os divulga.

        Sabendo-se a televisão como lançadora de moda e comportamentos, isso já deveria nos preocupar.

        Mas há outro aspecto interessante. Aquela "Casa" é um criadouro de celebridades. Somos um país cuja história oficial – até que resgatemos aos seus muitos méritos, Pedro II e João Cândido, por exemplo - nos deixou sem nobreza ou heróis. Como não podemos falar mal do Príncipe Charles ou bisbilhotar a Duquesa de York, temos... "celebridades" ! Como não mandamos gente à Lua, temos... "celebridades" ! E precisa-se delas à farta, porque o exercício do mandato fugaz de celebridade é breve, bem menos que os 15 minutos de Andy Warhol. Um suspiro. O mercado pede mais. Sempre mais. Dão-se, a personalidades enfadonhas como aquele "Alemão do BBB", ares épicos, da mesma forma que se alimentam gansos à força pra extrair patê. Da mesma forma que se bombam aves para que tenham mais carne branca. Afinal, não se criam rãs, peixes, crocodilos, porcos para abate? O pessoal fica ali, em ambiente controlado, temperatura monitorada, alimentados, tratados... (E bem tratadíssimos, que a responsabilidade civil está aí mesmo!). Como em todo rebanho, alguns dão arroba melhor, outros menos, mas tudo serve ao mercado de instantâneas celebridades. BBB é como boi, dele tudo se aproveita.

        E a telinha está lá, disponível, com suas tantas câmeras, para a maquiagem que a eletrônica proporciona. Ver a vida real não importa. Importa ver a vida supostamente real que, pela telinha, embora ficta, parece mais autêntica Ou mais divertida. Ou melhor maquiada, sei lá... Daí aquele ser medíocre, que nada fez nessa vida que mereça sequer um monossílabo numa nota de pé de página nos diários do universo, quando eletrônico se torna, convertido em feixes de elétrons que rebatem nos telões das TV's, adquire magia. Assim surgem Sérgios Malandros. O chato comum que se torna pitoresco e acaba virando... celebridade!

        Talvez seja o encanto com a criação do criado, porque o homem criou a televisão, máquina de criar ilusões. O homem, ser criado, que cria um boneco de barro e o adora como arremedo de deus, quando Deus, este sim, não cabe em bonecos ou barros, posto que é o Criador. Por isso, a maldição bíblica aos idólatras. Porque é ridículo. Maravilha-se a pobre formiga que se descobre capaz de cortar uma renda na folha. Mas se esquece de olhar a maravilha-formiga que é ela mesma, maravilha divina, a olho nu, vivenciada e acontecida.

        Você que é fã do programa, me desculpe: tanta gente mais interessante, aí do seu lado! Olha bem, no sentido do drama comum e frugal, o big brother acontece aos seus olhos diáriamente. Só que as pessoas estão aí do seu lado, com seus achaques, gemidos, dores, mau hálito, perfume, testa brilhosa de suor... nada limpo ou ajeitado pela eletrônica. Na vida real é mesmo tudo real. Mundo real. Gente real. A casa delas não tem piscina bacana.

        Mas é preferida a matrix da caixinha eletrônica. A tentação funciona, fazer o quê? As pessoas gostam de se deixar enganar. Num tempo de simulacros, é só mais um artifício. Fazer do que já nasce com script e personagem, uma aparência de vida surpreendente, quando na verdade aquilo é previsível vida, pré-fabricada pra garantir os ibopes necessários. Nada mais. Por isso os shopping-centers ganham das lojas de rua. O mundo lá dentro é asséptico, sem mendigos, sem pipoqueiros, camelôs, acidentes, bueiros. É falso, mas o povo prefere. E o shopping-center é uma ética, ao final. A ética da exclusão, naturalmente. A mesma do BBB nefasto.

        Aquelas pessoas que puxaram o tapete uma da outra, que conchavaram, que excluiram... depois: aos prantos, abraços, e tristezas diligentemente calculadas para as telas de TV, afinal, pega mal não dar uma choradinha, né? Mas o ritual da porta de saída é uma forma de redenção. Aliviam-se culpas. O que sai, "compreende" , abraça as pessoas que o chutaram fora, as mesmas que vertem umas lágrimas para as câmeras e assim buscam inocências. Que em geral são concedidas.

        O paredão do BBB ensina: Não tem lugar pra todo mundo. Você tem que excluir o seu igual. Ele não é seu irmão, é seu concorrente. Elimine-o! E isso se transfere para o dia a dia, não tenham dúvida. Tempos neoliberais, crise ascendente, empregos que morrem. A luta pela sobrevivência é selva. Somos predadores. Necessário atacar. Atacar é sobreviver. Sobram os mais aptos. Ou... os que melhor "jogarem o jogo". E vira tudo um jogo: no amor, na vida, no trabalho! Gente jogando pra platéia. Trabalhando pra ser visto... amando por conveniência. ..

        Aos que vencerem, o milhão, o topo, as capas de revistas, quem sabe, as novelas!!! Aos que perderem, a triste insígnia na biografia: "ex-BBB"!!!! Já garante umas idas nos programas periféricos dos canais concorrentes da matriz global.

        Orwell falava, na sua grande crítica ao stalinismo, descrita na obra "1984", de um Big Brother em que um totalitarismo controlava cada passo e respiro de seus súditos. As pessoas eram vigiadas o tempo todo. O Big Brother da TV Globo, uma franquia do original, nascido em 1999, na Holanda, tenta passar às pessoas a impressão inversa, de que controlam algo. Afinal, acompanham, divertem-se, debatem, torcem e... votam!!! Ô tristeza essa, do voto que é confundido com participação, do voto que se vende como concessão de poder. Mas na verdade, o poder não é do espectador. Ele apenas fica ali, sendo adestrado, condicionado, e na hora que lhe é reservada, aperta um botão e produz o trabalho esperado. E ainda se orgulha de ter eliminado o fulano ou o sicrano, ou de ter sido decisivo na vitória do "Alemão do BBB"! Vejam: No Big Brother de Orwell o espectador era o governo, embora o cidadão controlado assistisse aos discursos e normas transmitidas pela TV da ditadura. Agora, a ilusão é de que "o governo" são os espectadores, que decidem futuros, milhões, capas da Playboy.

        E o que acontece na Casa do BBB, acontece na Casa Brasil. Tudo mais acentuado agora, neste tempos de jornalismo espetáculo e de campanhas políticas de sabonete e margarina. Fica o eleitor ali, acompanhando a novelinha política e na hora "h", vai lá, põe seu voto na urna. Depois esquece. Iludido, acha que já "participou" .

        Devíamos observar o Big Brother pela ótica da Constituição Federal, cujo preâmbulo e primeiros artigos apontam para a sociedade brasileira o caminho da fraternidade, da ética, da inclusão, da erradicação da pobreza e da cidadania. E, mais, pela ótica específica do Art. 221 da Carta Maior, que exige da emissoras de rádio e televisão a preferência pelas programações educativas, artísticas, culturais e informativas, a promoção da cultura nacional e regional, o estímulo à produção independente e regional e, por último, mas garantia maior importância: o "respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família".

        Um programa que faz acompanhar dramas artificiais mal interpretados, deixando esquecidos os dramas reais que moram do lado de fora da porta, não pode fazer bem à psique de uma sociedade. Um programa que consagra o jeitinho, a esperteza e o "jogo", não pode fazer bem à construção dos valores de jovens. Um programa que consagra a valorização da mulher pelas carnes que possa mostrar sem pudor, não ajuda à definição do papel feminino na cabeça de nossos adolescentes.

        Hoje vemos, nas escolas brasileiras, tanto essa ética da exclusão, quando esse sexismo, respondendo à chamada, diariamente. Resultado: indisciplina, violência, bullying, episódios sexuais cada vez mais frequentes. O que se aprende na escola vai para a vida, não? Por isso, uma rusga de balcão de boate vira briga campal e logo, assassinato. Meninas que aprenderam que rebolar para as câmeras é um caminho para o sucesso, buscam ser misses, modelos, e acabam desviadas para a prostituição infanto-juvenil.

        O que defendo, então? Censura? Claro que não! Defendo e clamo pela responsabilidade de governo e emissoras de TV, para que cumpram a Constituição. Se dão o veneno, que dêem o antídoto! E o antídoto para o BBB não é a Favorita, convenhamos. O antídoto está lá, na Constituição: educação, cultura, regionalização, valores! Essa história de "dar ao público o que ele quer" é conversa de publicitário. O que o público quer não é o que dá mais ibope. O que o público quer é o que a Constituição definiu. Se você começar a exibir execuções reais pela TV, haverá público. Para pornografia também. Até para as coisas indizíveis, público haverá. Não faz muito tempo, antes da mancada do Gugu com a falsa entrevista com atores disfarçados de líderes do PCC, a disputa Faustão x Gugu era um lixo. E a audiência, ávida, atrás da baixaria maior.

        A Constituição não admite a baixaria. Pelo menos não num veículo de utilidade pública, que deve ser usado para o bem comum e para cumprimento dos objetivos do Estado brasileiro.

        Logo, concluindo, o Big Brother, ao divulgar a ética da exclusão, ao privilegiar a mulher-objeto, ao indicar que "pelo jogo" vale tudo, ao ajudar a alimentar a alienação da população com a sedução da ilusória participação telefônica, não ajuda, nesta quadra perigosa da vida nacional, não ajuda na formação de um povo consciente e cidadão. Com o histórico de formação do povo brasileiro, de consolidação do sincretismo de tantas hipocrisias, de edificação do "jeitinho" como modo de sobrevivência, estimular a alienação e incentivar a secundarização da boa fé, o "bom-mocismo" de circunstância, parece ser jogar pólvora no incêndio. Com o carvão que resulta, se escreve num retalho de Constituição que sobra do fogo: -Uma nação alienada, big-brotherizada, não sustenta um Estado de Direito.